
Quando o Reconhecimento Errado Pode Desmoronar uma Condenação!
Um aspecto importante do direito penal é que um suspeito não pode ser condenado apenas com base em um reconhecimento impreciso. Esse entendimento é respaldado pelas normas do Código de Processo Penal, que estabelece formalidades específicas para a identificação de suspeitos.
Recentemente, dois homens foram absolvidos de acusações de tentativa de latrocínio pela 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O caso envolveu uma vítima, um policial militar, que sofreu um assalto violento em 2017, durante o qual foi baleado ao ter sua motocicleta roubada. O crime foi cometido por quatro assaltantes usando duas motos, que também conseguiram levar a arma da vítima.
Durante a investigação, a polícia conseguiu conectar um dos assaltantes ao crime através da recuperação da pistola da vítima em uma abordagem, e as digitais de outro suspeito foram encontradas na motocicleta. No entanto, os dois réus que recorreram da condenação foram identificados pela vítima apenas por meio de fotografias apresentadas pela polícia, sem qualquer outra evidência adicional que os ligasse ao crime.
Para o relator do caso, a identificação falha ocorreu porque não foram seguidas as normas estabelecidas pelo artigo 226 do Código de Processo Penal. Esse artigo exige que, na identificação de suspeitos, a vítima primeiro descreva o autor do crime, que então deve ser apresentado ao lado de outras pessoas com características semelhantes, em um procedimento que deve ser acompanhado por duas testemunhas.
O relator enfatizou que um reconhecimento impreciso não é suficiente para sustentar uma condenação. Esse entendimento é consistente com decisões anteriores do Superior Tribunal de Justiça, que já havia abordado a questão em casos semelhantes. O relator observou que existe a possibilidade de que no processo de reconhecimento fotográfico a vítima tenha sido exposta apenas às imagens dos réus, o que comprometeria a validade do reconhecimento.
Assim, a falta de um procedimento adequado para a identificação dos suspeitos resultou na decisão de absolvição, lembrando que a integridade e a precisão nas etapas de investigação são fundamentais para garantir a justiça.
A decisão ressalta a importância de seguir rigorosamente os procedimentos legais durante investigações policiais, garantindo que os direitos dos suspeitos e das vítimas sejam respeitados. Isso ajuda a evitar condenações baseadas em provas frágeis e insuficientes, priorizando um sistema de justiça mais justo e eficaz.