Desvendando o Passado: Como a Sankofa Revoluciona a Metodologia Científica no Direito

A palavra “Sankofa”, originária do povo Akan de Gana, traduz-se como “voltar e pegar”. Este conceito é representado por dois símbolos Adinkra: uma ave que voa para frente, mas com a cabeça voltada para trás, e um coração estilizado adornado com espirais. O princípio do Sankofa ensina que é fundamental aprender com o passado para avançar nos projetos de vida e atingir o potencial individual. O significado também é sintetizado em um provérbio que diz: “Não é vergonha voltar para pegar o que você esqueceu ou deixou para trás”.

Esse conceito não se limita às culturas africanas; ele também é aplicável na academia, especialmente no método de iniciação à ciência, que inclui a revisão de literatura. Reconhecer e aprender com o passado é essencial para o avanço no conhecimento. A demonstração desse princípio pode ser vista em diversas homenagens e projetos que celebram figuras importantes na luta pela igualdade racial, como o ex-senador Abdias do Nascimento, que deixou um legado influente em vários setores da sociedade, incluindo filosofia e direito.

A história da comunidade afrodescendente no Brasil muitas vezes foi negligenciada e guardada em raras bibliotecas, e a tradição oral ainda é uma importante forma de preservação do conhecimento. Nos últimos anos, no entanto, houve um aumento significativo na produção escrita sobre essas questões, embora muitas vezes essas narrativas não sejam tão ricas quanto as tradições orais.

A falta de referências adequadas e de espaço para o diálogo entre culturas tem criado obstáculos para o pleno entendimento da história da diáspora africana no Brasil e no mundo. Muitos jovens que se aventuram nesse campo de estudo não têm acesso a guias e referências adequadas, o que pode levar a um epistemicídio, ou seja, à desvalorização das contribuições históricas dos predecessores.

A pandemia de COVID-19 também trouxe à tona debates sobre justiça racial e o movimento Black Lives Matter, mas, juntamente com isso, surgiram influenciadores que nem sempre abordaram o tema com profundidade científica, levando à formação de opiniões precipitada.

É vital, portanto, que novos estudiosos e ativistas revisitem a história e as lições do passado. Conhecer figuras como Luís Gama e Esperança Garcia, que lutaram pelos direitos de seus semelhantes antes da abolição, é crucial para entender como usar o direito em favor da justiça racial.

A encorajar o olhar para o passado, não apenas como um exercício acadêmico, mas como uma prática necessária para a emancipação e construção de uma sociedade mais justa. A justiça racial depende do reconhecimento da complexidade e da riqueza das experiências históricas, e ao olhar para trás, é possível não só entender as injustiças, mas também traçar caminhos mais eficazes para a luta por direitos iguais.

Em conclusão, ao iniciarmos um novo ciclo, é importante desacelerar um pouco e refletir sobre o que podemos aprender com nossos predecessores para avançar em direção a uma sociedade mais equitativa, fundamentando nossas ações em conhecimento e respeito pelas heranças culturais que nos moldaram.

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