
Descubra os Segredos Fascinantes de um Romance do Código Civil!
No conhecido romance A Décima Noite, de Josué Montello, o autor explora a intersecção entre literatura e Direito Civil, destacando a relevância deste último. Desde o início da obra, Montello entrelaça suas reflexões sobre o Código Civil com memórias de sua vida em Lisboa e sua mudança para Madri, traçando um elo entre a arquitetura da cidade e São Luís, sua terra natal. O autor revela sua admiração pelo Direito ao fazer uma leitura instigante do Código Civil, afirmando que cada artigo poderia esconder uma narrativa rica.
Montello, que ocupou a Cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras, reconhece o impacto da civilística em sua obra, citando um capítulo chamado “História desde Romance”, onde reflete sobre o processo criativo. Ele inicia seu discurso de posse na Academia com uma anedota jurídica que ilustra a longevidade das disputas e a natureza cíclica dos conflitos. O episódio humorístico envolvendo monges e frades em Paris, que lutam pela primazia de tocar o sino, serve como uma metáfora para a resolução de conflitos, enfatizando que a simplicidade pode, por vezes, trazer a melhor solução.
Montello se inspira no artigo 219 do Código Civil de 1916, que discutia a anulação de um casamento em caso de erro essencial sobre a pessoa. O título do livro, A Décima Noite, refere-se ao prazo de dez dias estipulado por este artigo, e a narrativa se enriquece ao abordar as complexidades de um casal que se une sem um verdadeiro conhecimento mútuo. O autor traz à tona questões pertinentes da época, como o defloramento, refletindo o contexto social e cultural do Brasil à época de sua escrita.
Ele também menciona a influência de outros textos do Código em sua criação, atribuindo a um civilista anônimo o papel de coautor ao destacar um trecho do Código com um traço vermelho que chamou sua atenção. Essa interação entre Direito e literatura é notável, uma vez que Montello reconhece como a leitura do Código inspirou sua imaginação e desenvolvimento da narrativa.
Além do romance em si, a obra contém críticas que ressaltam a sua importância. Montello recebe elogios de renomados autores e pensadores, que reconhecem seu talento em articular a trama de forma cativante. O livro ainda apresenta uma bibliografia abrangente sobre obras que discorrem sobre A Décima Noite, demonstrando seu impacto duradouro na literatura.
Em suma, A Décima Noite é uma obra que transcende sua trama literária ao prestar homenagem ao Direito Civil e à sua intersecção com a literatura. Montello não apenas enriqueceu o diálogo entre essas disciplinas, mas também deixou um legado que continua a inspirar estudiosos e leitores, fazendo um convite à reflexão sobre a importância dos textos jurídicos na formação de narrativas que falam à condição humana. Cada leitura de sua obra é, assim, um tributo à relação dinâmica entre leis e histórias, mostrando que, em última análise, ambos buscam entender e expressar os desafios da vida.