Vila Cultural Cobra Coral: A Batalha pela Moradia e a Preservação da Cultura!

Na quinta-feira, 20 de outubro, a Câmara Legislativa do Distrito Federal promoveu uma audiência pública para abordar a situação da Vila Cultural Cobra Coral, localizada na Asa Sul de Brasília. A comunidade, que abriga aproximadamente 230 famílias e mais de mil moradores, enfrenta a ameaça de desocupação pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que alega que a área faz parte do Parque Ecológico Asa Sul.

O evento, intitulado “Vila Cultural Cobra Coral: Reparação, Justiça Socioambiental e Cultura”, contou com a presença de líderes comunitários, parlamentares e especialistas. O objetivo foi discutir a importância de garantir o direito à moradia e a preservação da identidade cultural deste lugar, que é reconhecido por sua relevância histórica e religiosa.

A Vila foi estabelecida na década de 1970 e, conforme a comunidade, já existia antes da criação oficial do Parque. Apesar disso, os moradores se queixam de que não foram incluídos nas discussões relacionadas ao Plano de Manejo do parque, aprovado em 2018, que identificou impactos ambientais na área. A ausência de diálogo entre a comunidade e o GDF é uma preocupação constante entre os residentes.

Durante a audiência, o deputado distrital Fábio Felix destacou a importância de um olhar sensível por parte das autoridades, ressaltando que a situação é complexa, mas pode ser resolvida se houver empatia e respeito aos direitos dos moradores. Ele defendeu que a Vila seja inclusa nos processos de regularização fundiária, enfatizando seu valor patrimonial e cultural.

A deputada federal Erika Kokay também se manifestou em favor da permanência da Vila e sugeriu a revisão da poligonal do Parque Ecológico, com a intenção de equilibrar a preservação ambiental e o direito à moradia.

A audiência também trouxe à tona relatos de moradores que destacaram a importância da Vila como espaço de resistência cultural. Líderes comunitários, como Tico Magalhães, destacaram que a Vila é um símbolo da identidade de Brasília. José Basílio Filho, um residente há mais de 20 anos, resaltou o papel histórico da comunidade na construção da cidade.

Integrantes da Universidade de Brasília se comprometeram a desenvolver um projeto que demonstre a viabilidade da permanência da Vila sob uma perspectiva sustentável. A professora Lisa Maria enfatizou que soluções regenerativas podem ser aplicadas, argumentando que a comunidade pode oferecer práticas mais sustentáveis em comparação a outras áreas da cidade.

A situação legal da comunidade tem sido delicada. Desde 2019, os moradores têm recebido notificações de desocupação, e uma ação judicial foi movida em defesa dos direitos habitacionais dos residentes. Recentemente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal suspendeu as ordens de remoção, garantindo que os moradores possam permanecer em seus lares até que seus direitos sejam respeitados.

O desfecho dessa audiência e o futuro da Vila Cultural Cobra Coral ainda são incertos, mas a mobilização da comunidade por reconhecimento e preservação cultural continua firme. As vozes dos moradores buscam garantir seu direito à terra e à continuidade de sua história e cultura.

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