
Como a Lei Pode Salvar Vidas: Entenda a Importância da Ordem Jurídica na Prevenção de Desastres
Direitos Fundamentais e o Direito dos Desastres
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado desastres de grande magnitude que exigem uma reflexão profunda sobre a necessidade de aprimoramento nas regulamentações e fiscalizações para evitar eventos futuros. É fundamental que a interpretação do artigo 225 da Constituição, que trata da proteção ao meio ambiente, inclua ações tanto de reparação quanto de prevenção.
O Direito dos Desastres, uma subárea do Direito Ambiental, surge como um mecanismo vital para regular a atuação do Estado na proteção dos direitos fundamentais, como o direito à vida, saúde, integridade física, e um ambiente saudável. Este ramo do direito é guiado por princípios como a prevenção, o poluidor-pagador, a cooperação, a subsidiariedade, a efetividade e a justiça social. Assim, sua principal função é assegurar que tanto o Estado quanto a sociedade cumpram suas responsabilidades de proteção ambiental e prevenção de desastres.
O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (2015) e o desastre em Brumadinho (2019) são exemplos marcantes de catástrofes ambientais que ressaltam a necessidade urgente de uma legislação mais robusta. Estes eventos não apenas causaram danos irreparáveis ao meio ambiente, mas também resultaram em perdas trágicas de vidas e deslocamento de comunidades.
A nível internacional, o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres (2015) estabelece diretrizes claras que buscam aumentar a resiliência e preparar os países para a gestão de desastres. A partir de objetivos focados na redução de riscos e na preparação para desastres, esse marco enfatiza a importância da governança e do investimento em ações preventivas.
No contexto brasileiro, a legislação recente tem se adaptado a essas necessidades. As leis, como a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e a Política Nacional de Segurança de Barragens, incorporam diretrizes que visam não apenas a resposta a desastres, mas também a prevenção e a promoção da participação da comunidade nas ações preventivas.
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul e as crises climáticas apontam para a urgência de implementar medidas que abordem tanto desastres naturais quanto provocados pelo homem. A criação de sistemas de gestão e adaptação climática, incluindo a legislação climática em vigor no Brasil, visa garantir que as comunidades sejam protegidas e que a responsabilização esteja presente em atividades de alto risco.
Essas diretrizes legislativas não apenas focam na recuperação e reparação, mas também na responsabilidade compartilhada entre o Estado e o setor privado, enfatizando a importância da cooperação para a segurança da população e a proteção do meio ambiente.
Assim, com um arcabouço jurídico que se fortalece à medida que novos desastres ocorrem, a legislação busca assegurar um futuro mais seguro e sustentável, com direitos fundamentais garantidos e a elaboração de estratégias que previnam a repetição de tragédias ambientais.